A Assinatura que Compromete: Dissecando a Ficha de EPI da NR 6
Mais do que um Recibo, um Documento que Pode Ser sua Salvação ou sua Ruína
A textura do papel carbonado e o cheiro da tinta da caneta que selam um destino.
A ficha de epi nr 6 é um dos documentos mais comuns e mais perigosos que cruza a minha mesa. Para a empresa, é a prova de que cumpriu seu dever. Para o empregado, é o recibo do equipamento que protege sua vida. O problema é que, muitas vezes, ela é tratada como um mero pedaço de papel.
Cansei de ver fichas com a textura do antigo papel carbonado, onde todas as entregas do ano inteiro foram assinadas no mesmo dia, com a mesma caneta, provavelmente no ato da admissão. O cheiro da tinta da caneta, nesses casos, é o cheiro de fraude. A caligrafia apressada, as datas futuras… são pistas que saltam aos olhos de quem aprende a procurar.
O erro do trabalhador é assinar sem ler, sem conferir. O erro da empresa é pensar que essa prática “facilita” o trabalho do almoxarifado. Na verdade, ela cria um documento sem valor legal. A minha dica é: trate a ficha de epi nr 6 com a seriedade de um cheque. Trabalhador, só assine o que você de fato recebeu. Advogado, analise esse documento como um perito. Verifique a consistência das datas, das assinaturas. Muitas vezes, essa simples ficha é a linha que separa a verdade da mentira, a justiça da impunidade.