Mergulho Jurídico em um Buraco: Minha Jornada no Curso NR 33

 

Como a NR 35 se aplica ao Setor de Construção Civil

Quando o Processo Exige que a Advogada Saiba o que é um Espaço Confinado

 

 

O cheiro de umidade e a claustrofobia que me ensinaram a argumentar melhor.

 

Tem casos que nos tiram da zona de conforto, e outros que nos jogam, literalmente, em um buraco. Foi o meu caso quando assumi a defesa de um trabalhador que sofreu um acidente grave durante a limpeza de um silo. Os autos falavam em “atmosfera IPVS”, “vigia”, “permissão de entrada”. Para mim, era grego. Como eu poderia defender alguém sem sentir um fiapo do que ele passou? Foi quando decidi: preciso fazer um curso nr 33.

A reação no escritório foi uma comédia. “Vai virar espeleóloga agora, Ana?”. Ignorei as piadinhas e fui. O centro de treinamento tinha um simulador de espaço confinado. Só de olhar a entrada estreita, senti um calafrio. O cheiro lá dentro era de umidade, de concreto frio, um cheiro que impregna na memória. O instrutor nos fez usar um respirador, e o som da minha própria respiração ecoando na máscara era absurdamente alto, quase claustrofóbico. Foi ali que o termo “espaço confinado” deixou de ser uma abstração jurídica.

O erro que cometi de início foi focar só na parte técnica, nos medidores de gases. Mas o maior desafio é o psicológico. A sensação de estar preso, a responsabilidade imensa do vigia que fica do lado de fora… são fatores que pesam e que um laudo frio não consegue capturar. Fazer o curso nr 33 me deu a sensibilidade para argumentar não só sobre a falta de um equipamento, mas sobre o terror psicológico que a negligência da empresa impôs ao meu cliente. As perguntas que fiz na audiência foram outras. O peso do meu argumento era outro. E tudo isso porque um dia eu resolvi entender, de verdade, o que meu cliente sentia. Esse curso nr 33