Minha Aventura Vertical: Por Que uma Advogada Fez um Curso NR 35
Deixei o Fórum por um Dia Para Entender o Risco Real do Meu Cliente
A sensação do vento e o cheiro de poeira que mudaram minha advocacia.
Gente, deixa eu contar uma coisa. Se há alguns anos me dissessem que eu, uma advogada que vive entre petições e audiências, estaria pendurada por equipamentos de segurança, eu daria uma boa gargalhada. Mas a vida, ah, a vida… ela te surpreende. E foi assim que me vi pesquisando desesperadamente por um curso nr 35.
Tudo começou com um caso novo no escritório. Um acidente de trabalho, queda de altura. No papel, os laudos eram frios, técnicos. Faltava alma, faltava o sentir. Meu cliente, um rapaz simples, não conseguia explicar o que aconteceu de um jeito que o juiz pudesse visualizar. Lembro do meu sócio dizendo: “Pra que se meter nisso, Ana? Foca nos autos”. Mas eu sou teimosa, né? Eu precisava entender.
Minha decisão de fazer o curso nr 35 foi recebida com olhares tortos. Meu marido achou que era loucura. “Você, com seu medo de altura? Vai fazer o quê, rapel no prédio do Fórum?”. Ignorei. Fui. Lembro do cheiro da poeira de construção no centro de treinamento, o sol batendo forte no capacete, a textura áspera da corda na minha mão. Era tudo tão… real. Diferente do cheiro de papel velho e café requentado do escritório.
O maior desafio? Confiar no equipamento. Na primeira subida, meu coração parecia uma escola de samba no Carnaval. As mãos suavam dentro da luva. Cometi o erro de olhar pra baixo. Péssima ideia. O instrutor, um cara gente boa, com a pele curtida de sol, me acalmou: “Doutora, confia na técnica. É como um bom argumento, tem que ter base”. Aquilo ficou na minha cabeça. A experiência me deu mais do que conhecimento técnico; me deu empatia. Quando voltei para o caso, meus argumentos tinham o peso daquela altura, a urgência do vento batendo no rosto. Eu não estava mais só lendo um laudo; eu estava contando a história do meu cliente com a propriedade de quem sentiu um pingo daquele medo. Fazer aquele curso nr 35 foi, sem dúvida, um dos melhores investimentos – não em dinheiro, mas em perspectiva – que fiz pela minha carreira.