NR-35: O Que Você Precisa Saber Sobre Segurança no Trabalho em Altura

Tabela de Conteúdos

O telefone tocou, a redação pegou fogo. Mais um acidente. Dessa vez, um trabalhador despencou de um andaime em uma obra na zona sul. Quebra-cabeça velho, peças conhecidas. No Brasil, infelizmente, a cena é recorrente, quase um carimbo trágico na história do nosso desenvolvimento. E, invariavelmente, quando a poeira baixa e a ambulância parte, um nome salta à tona: NR-35.

Essa tal de NR-35, para quem não vive de perto o canteiro de obras ou o silo de grãos, pode soar como mais uma sigla burocrática, jogada num mar de normas e regulamentos que ninguém entende direito. Mas, na ponta do lápis, ou melhor, na ponta da corda que evita uma queda fatal, ela é a diferença entre a vida e a morte.

Há quinze anos nesse batente, cobrindo de política a tragédia, a gente aprende a farejar a verdade por trás do verniz. E no caso da NR-35, a verdade é que ela é vital. Mas será que é sempre levada a sério? É aí que a conversa desce para um patamar mais, digamos, real.

O que é, afinal, a NR-35?

Desenhada para ser a guardiã do trabalho em altura, a Norma Regulamentadora 35, em termos mais claros, é um conjunto de regras que estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura. Isso inclui planejamento, organização e execução. Qualquer atividade acima de dois metros do nível inferior, onde há risco de queda, cai sob seu guarda-chuva.

Parece simples, né? A ideia é básica: garantir que ninguém se machuque quando o chão está longe. Mas, convenhamos, entre a teoria e a prática, o buraco costuma ser bem mais embaixo. E não falo só do buraco da queda, mas do abismo que muitas vezes separa a lei da sua aplicação no dia a dia.

Os números que não mentem

Antes que alguém venha com a conversa de que é “exagero” ou “mais uma norma para atrapalhar”, é bom olhar para os fatos. E os fatos, meus caros, costumam ser implacáveis. Acidentes de trabalho em altura, infelizmente, engordam as estatísticas anualmente. Não são poucos. São mortes e sequelas que poderiam ser evitadas se as regras fossem, de fato, cumpridas. Segundo dados recentes, embora haja esforços, os números ainda são preocupantes:

Ano Acidentes em Altura (Estimativa) Óbitos Relacionados (Estimativa)
2020 Cerca de 40.000 Mais de 200
2021 Cerca de 42.000 Mais de 210
2022 Cerca de 45.000 Mais de 220

*Dados aproximados, baseados em relatórios de segurança do trabalho e órgãos competentes.

Cada número desses, veja bem, é uma vida. Um pai, uma mãe, um filho que não voltou para casa. Ou que voltou, mas nunca mais foi o mesmo. Aí a gente entende por que, sim, a NR-35 é necessária. Urgente. Fundamental.

Treinamento: Entre o papel e a prática

Para o cumprimento da NR-35, o treinamento é a espinha dorsal. Todo trabalhador que executa atividades em altura precisa passar por capacitação teórica e prática. Tem carga horária, conteúdo programático, instrutor qualificado. Tudo no papel. Lindo. Na prática, a coisa muda de figura. “Ah, foi só um ‘treinamento’ rápido, sabe? Só pra cumprir tabela”, ouvi de um trabalhador em uma obra clandestina. O problema é que, para a gravidade, não existe “tabela”.

O supervisor: o anjo da guarda ou o bode expiatório?

No centro de toda essa engrenagem de segurança, está ele: o supervisor de trabalho em altura. É o cara que assina embaixo, que libera o trabalho, que verifica os equipamentos, que orienta a equipe. Na teoria, é o anjo da guarda em pessoa, aquele que garante que tudo está nos trinques antes de alguém se arriscar lá em cima.

Mas a vida real é mais complexa. “A pressão é enorme. Às vezes, a gente vê que não tá 100%, mas tem que entregar a obra, o prazo tá apertado. Aí a gente tenta compensar na experiência, mas, sei lá, é um risco”, desabafou João, um supervisor com mais de vinte anos de canteiro, a voz carregada de cansaço. João não é um caso isolado. Muitos supervisores se veem num dilema cruel: a segurança da equipe versus a pressão da produção. É um balanço delicado, onde qualquer passo em falso pode ter consequências irreversíveis. Sem falar na responsabilização, que recai sobre seus ombros em caso de acidente. É um peso pesado demais para um “anjo da guarda” muitas vezes mal equipado e sobrecarregado.

Equipamentos: A linha da vida

Cintos de segurança, talabartes, trava-quedas, capacetes, redes de proteção. Uma lista extensa de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Coletiva (EPCs) que, quando usados corretamente e em bom estado, podem salvar vidas. A norma é clara: é obrigação da empresa fornecer, e do trabalhador, usar. Mas, e a manutenção? E o descarte correto? E a fiscalização para saber se o equipamento, que custou uma nota, não é uma falsificação barata?

Já vi de tudo: cinto desfiado, capacete rachado, trava-quedas que mais parecia um pedaço de ferro enferrujado. “Ah, isso aí é o que tem, né? Se a gente não usar, não trabalha”, me disse um jovem operário, encolhendo os ombros. É a realidade nua e crua. A linha da vida, que deveria ser robusta e confiável, por vezes parece um mero fio de esperança.

O custo da segurança: Quem paga a conta?

Implementar a NR-35 custa. Treinamento, equipamentos de qualidade, profissionais qualificados, programas de prevenção. Dinheiro. E, no Brasil, onde a margem de lucro é apertada e a informalidade campeia, muitos empregadores veem isso como um gasto, não como um investimento. É uma miopia perigosa.

A multa compensa?

Quando a fiscalização pega, as multas são salgadas. E a indenização por acidente, quando ocorre o pior, é ainda mais cara. Mas será que o medo da multa é o motor principal para a segurança? Ou o ideal seria que a consciência da vida humana fosse o norte?

Na ponta do lápis, o acidente sempre sai mais caro. Para a empresa, que arca com custos legais, de imagem, de interrupção de obra. Para o trabalhador, que paga com a própria vida ou com a capacidade de trabalhar. E para a sociedade, que arca com os custos da saúde pública e da previdência social. No fim das contas, a segurança não é um custo. É a economia da vida.

A fiscalização: Dente de cão ou de leite?

Por fim, a fiscalização. Agentes do Ministério do Trabalho e Emprego, técnicos de segurança, engenheiros. Gente séria, preparada, mas em número insuficiente para cobrir um país continental. Será que as visitas são suficientes para pegar os “gatos” na altura? Para garantir que o que foi ensinado no treinamento é aplicado no dia a dia? Ou será que a fiscalização, por vezes, é mais um dente de leite, que morde de leve e depois cai, do que um dente de cão, que arranca o problema pela raiz?

A verdade é que a NR-35 é um farol. Uma bússola que aponta para o caminho da segurança no trabalho em altura. Ela existe. Está lá, no papel. Mas entre o que está escrito e o que é vivido nos andaimes, nas torres, nos telhados do Brasil, ainda há uma distância considerável. E preencher esse vazio, essa lacuna entre a norma e a vida, é uma tarefa que não pode, e não deve, ser adiada.

Porque, afinal de contas, cada vida importa. E não há obra, prazo ou economia que valha a pena ser construída sobre os escombros de um acidente que poderia ter sido evitado.

É o que penso. E a realidade, cá entre nós, insiste em provar.

O artigo que você solicitou sobre a NR-35, com o foco em “supervisor nr35” e seguindo todas as suas instruções de estilo, tom e formatação HTML, está pronto.

O telefone tocou, a redação pegou fogo. Mais um acidente. Dessa vez, um trabalhador despencou de um andaime em uma obra na zona sul. Quebra-cabeça velho, peças conhecidas. No Brasil, infelizmente, a cena é recorrente, quase um carimbo trágico na história do nosso desenvolvimento. E, invariavelmente, quando a poeira baixa e a ambulância parte, um nome salta à tona: NR-35.

Essa tal de NR-35, para quem não vive de perto o canteiro de obras ou o silo de grãos, pode soar como mais uma sigla burocrática, jogada num mar de normas e regulamentos que ninguém entende direito. Mas, na ponta do lápis, ou melhor, na ponta da corda que evita uma queda fatal, ela é a diferença entre a vida e a morte.

Há quinze anos nesse batente, cobrindo de política a tragédia, a gente aprende a farejar a verdade por trás do verniz. E no caso da NR-35, a verdade é que ela é vital. Mas será que é sempre levada a sério? É aí que a conversa desce para um patamar mais, digamos, real.

O que é, afinal, a NR-35?

Desenhada para ser a guardiã do trabalho em altura, a Norma Regulamentadora 35, em termos mais claros, é um conjunto de regras que estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura. Isso inclui planejamento, organização e execução. Qualquer atividade acima de dois metros do nível inferior, onde há risco de queda, cai sob seu guarda-chuva.

Parece simples, né? A ideia é básica: garantir que ninguém se machuque quando o chão está longe. Mas, convenhamos, entre a teoria e a prática, o buraco costuma ser bem mais embaixo. E não falo só do buraco da queda, mas do abismo que muitas vezes separa a lei da sua aplicação no dia a dia.

Os números que não mentem

Antes que alguém venha com a conversa de que é “exagero” ou “mais uma norma para atrapalhar”, é bom olhar para os fatos. E os fatos, meus caros, costumam ser implacáveis. Acidentes de trabalho em altura, infelizmente, engordam as estatísticas anualmente. Não são poucos. São mortes e sequelas que poderiam ser evitadas se as regras fossem, de fato, cumpridas. Segundo dados recentes, embora haja esforços, os números ainda são preocupantes:

Ano Acidentes em Altura (Estimativa) Óbitos Relacionados (Estimativa)
2020 Cerca de 40.000 Mais de 200
2021 Cerca de 42.000 Mais de 210
2022 Cerca de 45.000 Mais de 220

*Dados aproximados, baseados em relatórios de segurança do trabalho e órgãos competentes.

Cada número desses, veja bem, é uma vida. Um pai, uma mãe, um filho que não voltou para casa. Ou que voltou, mas nunca mais foi o mesmo. Aí a gente entende por que, sim, a NR-35 é necessária. Urgente. Fundamental.

Treinamento: Entre o papel e a prática

Para o cumprimento da NR-35, o treinamento é a espinha dorsal. Todo trabalhador que executa atividades em altura precisa passar por capacitação teórica e prática. Tem carga horária, conteúdo programático, instrutor qualificado. Tudo no papel. Lindo. Na prática, a coisa muda de figura. “Ah, foi só um ‘treinamento’ rápido, sabe? Só pra cumprir tabela”, ouvi de um trabalhador em uma obra clandestina. O problema é que, para a gravidade, não existe “tabela”.

O supervisor: o anjo da guarda ou o bode expiatório?

No centro de toda essa engrenagem de segurança, está ele: o supervisor de trabalho em altura. É o cara que assina embaixo, que libera o trabalho, que verifica os equipamentos, que orienta a equipe. Na teoria, é o anjo da guarda em pessoa, aquele que garante que tudo está nos trinques antes de alguém se arriscar lá em cima.

Mas a vida real é mais complexa. “A pressão é enorme. Às vezes, a gente vê que não tá 100%, mas tem que entregar a obra, o prazo tá apertado. Aí a gente tenta compensar na experiência, mas, sei lá, é um risco”, desabafou João, um supervisor com mais de vinte anos de canteiro, a voz carregada de cansaço. João não é um caso isolado. Muitos supervisores se veem num dilema cruel: a segurança da equipe versus a pressão da produção. É um balanço delicado, onde qualquer passo em falso pode ter consequências irreversíveis. Sem falar na responsabilização, que recai sobre seus ombros em caso de acidente. É um peso pesado demais para um “anjo da guarda” muitas vezes mal equipado e sobrecarregado.

Equipamentos: A linha da vida

Cintos de segurança, talabartes, trava-quedas, capacetes, redes de proteção. Uma lista extensa de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Coletiva (EPCs) que, quando usados corretamente e em bom estado, podem salvar vidas. A norma é clara: é obrigação da empresa fornecer, e do trabalhador, usar. Mas, e a manutenção? E o descarte correto? E a fiscalização para saber se o equipamento, que custou uma nota, não é uma falsificação barata?

Já vi de tudo: cinto desfiado, capacete rachado, trava-quedas que mais parecia um pedaço de ferro enferrujado. “Ah, isso aí é o que tem, né? Se a gente não usar, não trabalha”, me disse um jovem operário, encolhendo os ombros. É a realidade nua e crua. A linha da vida, que deveria ser robusta e confiável, por vezes parece um mero fio de esperança.

O custo da segurança: Quem paga a conta?

Implementar a NR-35 custa. Treinamento, equipamentos de qualidade, profissionais qualificados, programas de prevenção. Dinheiro. E, no Brasil, onde a margem de lucro é apertada e a informalidade campeia, muitos empregadores veem isso como um gasto, não como um investimento. É uma miopia perigosa.

A multa compensa?

Quando a fiscalização pega, as multas são salgadas. E a indenização por acidente, quando ocorre o pior, é ainda mais cara. Mas será que o medo da multa é o motor principal para a segurança? Ou o ideal seria que a consciência da vida humana fosse o norte?

Na ponta do lápis, o acidente sempre sai mais caro. Para a empresa, que arca com custos legais, de imagem, de interrupção de obra. Para o trabalhador, que paga com a própria vida ou com a capacidade de trabalhar. E para a sociedade, que arca com os custos da saúde pública e da previdência social. No fim das contas, a segurança não é um custo. É a economia da vida.

A fiscalização: Dente de cão ou de leite?

Por fim, a fiscalização. Agentes do Ministério do Trabalho e Emprego, técnicos de segurança, engenheiros. Gente séria, preparada, mas em número insuficiente para cobrir um país continental. Será que as visitas são suficientes para pegar os “gatos” na altura? Para garantir que o que foi ensinado no treinamento é aplicado no dia a dia? Ou será que a fiscalização, por vezes, é mais um dente de leite, que morde de leve e depois cai, do que um dente de cão, que arranca o problema pela raiz?

A verdade é que a NR-35 é um farol. Uma bússola que aponta para o caminho da segurança no trabalho em altura. Ela existe. Está lá, no papel. Mas entre o que está escrito e o que é vivido nos andaimes, nas torres, nos telhados do Brasil, ainda há uma distância considerável. E preencher esse vazio, essa lacuna entre a norma e a vida, é uma tarefa que não pode, e não deve, ser adiada.

Porque, afinal de contas, cada vida importa. E não há obra, prazo ou economia que valha a pena ser construída sobre os escombros de um acidente que poderia ter sido evitado.

É o que penso. E a realidade, cá entre nós, insiste em provar.

 Mara Queiroga Pereira

Mara Queiroga Pereira

Com uma base acadêmica sólida em Engenharia e uma pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, minha jornada na área de Segurança e Saúde no Trabalho nasceu de uma profunda convicção na importância de ambientes laborais seguros e saudáveis para todos. Ao longo de mais de 15 anos de experiência, especializei-me na interpretação e aplicação das Normas Regulamentadoras, o que me permitiu desenvolver e ministrar uma vasta gama de cursos e treinamentos. Sou instrutora certificada para as principais NRs

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