O Escudo Invisível: Para que Servem as Normas Regulamentadoras na Prática?

 

Mais do que Evitar Multas, Elas Servem para Manter Sonhos Intactos

 

 

A foto de um trabalhador na parede de uma fábrica e o verdadeiro propósito da lei.

 

A pergunta parece simples: para que servem as normas regulamentadoras? A resposta fácil é “para evitar multas”. Mas essa é uma visão pobre, que não alcança a alma da lei. Eu entendi o verdadeiro propósito delas quando visitei uma metalúrgica cliente que exibia, com orgulho, um banner de “500 dias sem acidentes com afastamento”.

O som das máquinas era alto, a produção pulsava. Mas o que me tocou foi um mural na parede do refeitório, cheio de fotos dos funcionários com suas famílias: em festas de aniversário, na praia, em formaturas. Naquele momento, a resposta para a pergunta se tornou cristalina. Lembrei de outro caso, de um silêncio pesado num tribunal, enquanto a viúva de um trabalhador descrevia como a vida de sua família foi destruída por um acidente que poderia ter sido evitado.

O erro é ver as NRs como um custo. Um empresário sábio me disse uma vez: “Doutora, hoje eu vejo que as normas são o seguro mais barato que eu tenho”. É isso. Para que servem as normas regulamentadoras? Elas servem como um escudo. Um escudo que protege o trabalhador do risco, e que protege o empresário da ruína financeira e moral de uma tragédia. Elas servem para que aquelas fotos no mural continuem sendo de momentos felizes, e não de lembranças dolorosas.